Sobre o trecho:
"Em 1988, por exemplo, com a Guerra Irã-Iraque perdida, o futuro alimentador de pássaros já mostrava certo talento como alimentador de curdos. Não necessariamente com migalhas do almoço; mas com armamento químico, enviado diretamente dos céus."
Ele se esqueceu que um dos principais fornecedores de matérias primas para armas químicas de Sadam eram os EUA, mais precisamente uma empresa de ... Donald Rumsfield - pode-se checar esse dado na Internet ou na revista carta capital.
O Estado do Iraque, criado pela Inglaterra no pós 2 guerra, unia - deliberadamente - 3 etnias evidentemente rivais e que sempre se mataram mutuamente - tudo pra aliviar os cofres públicos do já fálido - e sempre mesquinho - império britânico.
Saddam era uma cria dos EUA, ele subiu em 79, exatamente o mesmo ano que os EUA foram escorraçados do Irã, país, diga-se de passagem, no qual os EUA colocou um dotador muito pior que Sadam - o Xá - que, curiosamente o Jão esqueceu. Ah! O Regime do chá perdurou por trinta e tres anos (1946 - 1979), um regime de repressão brutal e anti democrático. Questiona-se: Onde a defesa da libertadade dos (Ladrões) americanos ??
A exemplo do Irã, os EUA, desde o pos guerra financiou descaradamente diversas - e selvagens - ditaduras.
Questiona-se: Por que nao se capturou Sadam em 1991 ?? Por que 12 anos de embargo economico - que matou 600 mil crianças de fome - se o Iraque já desocupara o Kwait ????? Por que destruir a economia de um país já derrotado ??
Questiona-se, dadas a Hipocrisia imensa, a miopia, o materialismo selvagem que norteia a política externa dos EUA desde 1945, por que nao enviar à forca - ou à moda americana - camara de gás ou cadeira elétrica, todos os presidentes desse país, à excessao de Jimmy Carter ??
*****
Uma farsa jurídica: Corte iraquiana confirma a sentença de morte de Saddam Hussein
Por Peter Symonds
4 Janeiro 2007
A confirmação da sentença de morte contra Saddam Hussein, noticiada na terça-feira (26/12), é o ato final em uma farsa jurídica orquestrada por Washington. A Corte de Apelações Iraquiana confirmou o veredicto contra Saddam e dois de seus cúmplices—Barzan Ibrahim al-Tikriti e Awad Hamed al-Bandar—expedido em 5 de novembro, devido à execução de 148 xiitas da cidade de Dujail, em 1982. Com a recusa da única possibilidade de apelação, os três podem ser enforcados a qualquer momento, nos próximos 30 dias.
O porta-voz da Casa Branca, Scott Stanzel, louvou a decisão da corte, declarando que ela era “um marco importante” nos esforços “de substituir o domínio de um tirano pelo domínio da lei”. Na realidade, o governo Bush tem demonstrado freqüentemente seu desprezo pelas normas legais básicas, passando por cima de leis norte-americanas e internacionais. O governo Bush pressionou para que a execução de Saddam fosse aprovada, como um meio de demonstrar ao mundo a sua capacidade de eliminar seus oponentes.
A decisão da Corte de Apelações não causa nenhuma surpresa. Do começo ao fim, o julgamento de Saddam e figuras-chave no seu regime fez parte do teatro político, cujo resultado já havia sido pré-determinado. O governo Bush recusou-se a colocar o antigo homem-forte iraquiano num tribunal internacional, redigiu as frágeis leis para a Suprema Corte Iraquiana e supervisionou cada aspecto do caso por meio de uma enorme equipe de advogados norte-americanos, estabelecidos na embaixada dos EUA em Bagdá.
O governo-fantoche iraquiano, predominantemente xiita, interferiu abertamente no julgamento, explorando-o para aumentar seu apoio social. Pouco após o veredicto ser anunciado, em novembro, o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, antecipou o resultado do processo de apelação, dizendo à BBC que ele esperava que Saddam fosse enforcado antes do fim do ano. É significativo que a decisão tomada ontem não tenha sido anunciada pela Corte de Apelações, mas por um ministro do governo—o Conselheiro de Segurança Nacional, Mouwafak al-Rubaie.
Especialistas em direito internacional e defensores dos direitos humanos têm criticado freqüentemente o processo jurídico. Numa declaração realizada terça-feira (26/12), o Observatório dos Direitos Humanos (ODH), baseado nos EUA, descreveu o julgamento como “profundamente frágil” e pediu para que o governo iraquiano não realize a execução. Um relatório detalhado de 97 páginas do ODH sobre o caso de Dujail, publicado no último mês, destacou numerosas falhas elementares no processo jurídico, acusando o governo de ter interferido no julgamento. O relatório concluiu que a conduta da corte refletiu “uma falta de compreensão dos princípios básicos de um julgamento”.
Em Janeiro de 2006, o juiz chefe no caso, Rizgar Muhammed Amin, foi forçado a renunciar, após a denúncia feita por altos membros do governo, de que ele teria dado muito tempo de manobra aos acusados e aos advogados de defesa. Seu substituto, Raouf Abdel Rahman, cancelou várias vezes os protestos da defesa, expulsando os acusados e seus advogados da corte. A recusa da defesa em legitimar uma corte estabelecida através de uma invasão ilegal foi simplesmente ignorada. O ex-procurador-geral nos EUA, Ramsay Clark, que fez parte da equipe de defesa de Hussein, descreveu, na terça-feira (26/12) o processo legal como uma paródia.
O objetivo do julgamento nunca foi o de realizar justiça. A primeira acusação foi deliberadamente confinada aos assassinatos de Dujail, em 1982, a fim de evitar qualquer referência à íntima colaboração de Washington com o antigo homem-forte iraquiano, particularmente no fim dos anos 80. O governo Bush sabia muito bem que Saddam poderia seguir o exemplo do ex-presidente sérvio, Slobodan Milosevic, e envolver os EUA nos crimes do regime Baathista.
Depois da queda do Xá do Irã em 1979, os EUA estimularam de maneira ativa Saddam Hussein a invadir o Irã, em 1980, como um meio de enfraquecer o recém-formado regime islâmico. O incidente em Dujail ocorreu em meio a uma série de derrotas do exército iraquiano na Guerra Irã-Iraque. A execução dos homens e meninos da cidade de Dujail foi realizada como represália à tentativa de assassinato de Saddam por membros do Dawa—o mesmo partido islâmico a qual pertence o primeiro-ministro Maliki.
Em 1983 e 1984, o ex-secretário da defesa, Donald Rumsfeld, foi enviado à Bagdá na condição de embaixador presidencial especial a fim de fortalecer os laços com o regime de Saddam. Após essa visita, os EUA providenciaram assistência econômica e militar ao Iraque, incluindo o desenvolvimento de armas químicas, que eram usadas contra as tropas iranianas e os curdos aliados ao Irã. Um segundo julgamento está, no presente momento, a caminho, sobre as atrocidades contra os curdos no fim dos anos 80—a chamada campanha Anfal. Há, logicamente, um completo silêncio na corte sobre a cumplicidade norte-americana.
Se os crimes de Saddam são inquestionáveis, o governo Bush também é diretamente responsável pelos enormes crimes de guerra no Iraque. Estimativas apontam que mais de 650 mil iraquianos morreram como resultado direto da invasão e ocupação ilegal do país—liderada pelos EUA. A acusação da qual Saddam foi condenado—uma represália de uma tentativa de assassinato—é o procedimento padrão para os militares norte-americanos no Iraque, que impiedosamente bombardeiam e destroem prédios e vilas suspeitos de abrigarem rebeldes anti-ocupação.
A invasão de casas e as prisões de iraquianos fazem parte da rotina das tropas dos EUA. Milhares continuam presos sem julgamento em penitenciárias norte-americanas, sujeitos a tortura. Prisioneiros de primeiro escalão simplesmente desaparecem dentro do gulag norte-americano de prisões secretas e câmaras de tortura. Muitos dos esquadrões da morte xiitas que agora são criticados na imprensa norte-americana têm suas origens na “opção Salvador”, implantada em 2004, seguindo os conselhos do embaixador dos EUA, John Negroponte. Esquadrões da morte, que operam sob a proteção do Ministro do Interior, são considerados os responsáveis pelo assassinato de três dos advogados de defesa de Saddam Hussein.
O anúncio da Corte de Apelações coincide com os planos do governo Bush para uma escalada de violência contra o povo iraquiano. O presidente Bush está se preparando para anunciar o envio de 20 mil a 50 mil soldados ao Iraque, numa ofensiva sangrenta em Bagdá e na província ocidental de Anbar, contra os rebeldes anti-EUA e a milícia xiita do clérigo Moqtada al-Sadr. O que está sendo preparado é um crime que superará tudo o que Saddam já fez.
Os responsáveis pela invasão criminosa e ocupação do Iraque—Bush, Cheney e o resto dos gangsters na Casa Branca—deveriam ser todos julgados por crimes de guerra.

Friday, January 05, 2007
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment