Vida,
breve instante,
às vezes intenso,
em tantas,
interrompido...
Milagre de Deus,
mistério inestrincável,
efêmera em tempo,
eterna em momentos,
Mundo terrível ?
mundo que merecemos,
que, transformar,
podemos,
ao crermos
que mudando a nós mesmos,
caminho diverso trilharemos,
em consideração levando,
nosso irmão
[todos]
Um dia, sim,
transcenderemos densa matéria,
veremos o eterno
espírito,
errante, acertando ...
Daí em diante,
violência perpretada,
qualquer uma,
será - conscientemente -
contra si mesmo
Então, reinará a harmônia...
tudo vai ficar chato,
não. Contrário.
Maiores e mais sutis desafios,
viajar para planetas outros
outras civilizações,
intercâmbio e,
também,
ajudar a evolução de irmão
menos evoluído,
semi-macacos,
como nós outrora ...
como nós, exatamente,
[hoje]
Luciano Corsi

Friday, July 28, 2006
Wednesday, July 26, 2006
Canção de Fim de Ano , por Antonio Maria
Isso que é CRÔNICA!
*****
Canção de Fim de Ano
Antônio Maria
Que dia maravilhoso haverá, aquele em que for possível telefonar para os melhores amigos e dizer-lhes que houve um ligeiro engano, que não teria sido preciso escrever coisa alguma? E que, dali em diante, nada mais se escreverá, a não ser os nomes e os números necessários das pessoas e das coisas.
Que boa impressão a de ser-se uma parte do coral, um grito em meio às vozes que clamam o gol, um gemido noturno, entre os muitos e repetidos gemidos, na imensa e fria sala do hospital de indigentes! E que absurda e amiga paz a de saber-se que a lua e a flor, o rio e a queixa, nada foi mais lua ou flor, mais rio ou mais queixa, por causa do que se disse. A própria mulher foi sempre bela ou fêmea, antes e a salvo da minha poesia e das minhas mãos!
Vivi entre o que viveu. Fui multidão e povo, um lugar ocupado, uma rescendência de suor, uma voz que pediu licença, um olhar que mendigou prazeres e uma parte milesimal dos pés que povoaram. Das minhas mãos, prefiro não contar, a não ser na custosa confissão de que foram mãos vadias. De bem, fizeram a bênção e o carinho... mas o carinho é vadio e, em toda vez que se aparta de Deus, é proibido. Prevalece, portanto, o existente da multidão, o corista, aquele que não foi o solista de beleza alguma e que, por isso, se sente irresponsabilizado dos erros de maneira especial e destacada!
Sou o rosto fora de foco de uma fotografia em que dezenas de pessoas aparecem em segundo plano. Posso ter ou não a barba crescida; posso trazer ou não uma flor no peito; posso chorar até, e ninguém botará reparo. A fotografia passará de mão em mão e todos os que comigo estiverem desfocados só serão odiados quando não houver mais nada a odiar em primeiro plano.
Só assim é — se o homem real e constante — o que sente o gosto e o cheiro da vida. A maioria se evade de sua condição real, para fazer ou imitar o êxito. Entretanto, só o êxito casual é verdadeiro. Exemplo de êxito casual: a beleza. Exemplo de beleza: a mulher bela. Uma mulher sentou-se à minha frente. Tinha luz própria... E tanta, que um fanal de evidente claridade iluminou minhas mãos, quando em gestos inúteis (as mãos) procuravam supor os seus múltiplos encantos. Mas não me quero perder além do homem real e constante, portanto, desenvolto.
Só farei, sem pudor e remorso, aquilo que fizer com desenvoltura. Principalmente, a poesia e o amor. O amor ou é desacanhado, destro, irrefletido... ou é suor. A poesia também. Por isso volta-se a multidão, vivem-se as imunidades corais e espera-se a vinda casual da poesia e do amor.
Sou o homem real, que sua, que mente, que disfarça, que teme, que inveja e cobiça. Tive e tenho os meus momentos de suicida. Não gosto que me conheçam aquém e além de um homem constantemente exposto ao erro e ao crime. É dever do ser humano pressentir em seu semelhante um sem-número de intimidades inconfessáveis. O grande e verdadeiro amor ao próximo é aquele que ama os erros mostrados e pressupostos.
Além da verdade, só existe a multidão, que exime o homem das proclamações e o ampara das conseqüências de sua coragem. Depois de cumprida a Verdade, ter-se-á conquistado o silêncio. "O silêncio alcançado à custa de sempre dizer a mesma coisa" (João Cabral de Melo Neto).
Só creio em dois estados de lucidez: o dos bêbados e dos poetas. Ambos são negados. Mas essa negação ainda não é a definitiva. Lucidez não é, por exemplo, comprar-se uma vitrola por cem dólares e se vendê-la por vinte contos. Isto seria melhor chamado de "paciência"... ou "organização"... ou ainda "paciência organizada". Lucidez não é ainda ir-se hoje para Brasília e voltar-se, daqui a três anos, com cem milhões. A isto eu chamaria de "disciplina para fazer o fácil". A grande lucidez dos poetas estaria, por exemplo, neste verso de Fernando Pessoa: "Em tudo quanto olhei, fiquei em parte". A lucidez dos bêbados é difícil de defender, porque existem mil bêbados diferentes na humanidade. Mil que partem de dois: o bom e o mau. Ambos são lúcidos e, se um desagrada, é porque sua natureza repele o estado angelical e luzente da bebedice.
O conhecimento incessante da verdade faz com que o homem caminhe para o anjo. Chegarão primeiro os que mais depressa conheceram ao seu semelhante, tanto quanto a si mesmo. Nunca foi impossível o exato conhecimento próprio. É necessária, porém, a coragem bastante, para que cada qual se veja e se pegue, se espie e se apalpe, em cada um dos seus mais íntimos espaços físicos e morais. Que as constantes feiúras a encontrar não nos retraia os olhos (no caso, o sentir) e as mãos. Depois, será mais fácil conhecer-se o próximo. E depois, então, mesmo que se minta, só se saberá da utilidade e do consolo da verdade. Faltará ânimo para o fingimento e a fuga, quando acreditarmos em que ninguém engana ninguém e em que somos capazes de conhecer o próximo, desde o instante inicial do primeiro conhecimento.
A sintomatologia do mal é evidente e constante. O homem mau ri errado. Por isso, deve-se viver em multidão. Falar e rir em coro, andar e parar em batalhões. Viver entre os que, simplesmente, estiverem vivendo. A vida coral nos alivia da obrigação do êxito, do êxito que é casual (e verdadeiro) ou é fabricado e cínico. Desconfiai dos feitos que são repetidamente comemorados com jantares e missas de ação de graças!
É esta uma simples canção de fim de ano. Escrevia, confessando-me e comprometendo-me em cada uma das minhas pequenas descobertas. Se não atingi, rondei mais das vezes a insolente verdade dos homens e das coisas. Em vez disso, escreveria uma crônica de Natal... Mas, em tudo o que eu dissesse do Nascimento de Cristo e fraternidade humana, correria o erro constante de repetir: "Natal, Natal, bimbalham os sinos...".
14/12/1956
*****
Canção de Fim de Ano
Antônio Maria
Que dia maravilhoso haverá, aquele em que for possível telefonar para os melhores amigos e dizer-lhes que houve um ligeiro engano, que não teria sido preciso escrever coisa alguma? E que, dali em diante, nada mais se escreverá, a não ser os nomes e os números necessários das pessoas e das coisas.
Que boa impressão a de ser-se uma parte do coral, um grito em meio às vozes que clamam o gol, um gemido noturno, entre os muitos e repetidos gemidos, na imensa e fria sala do hospital de indigentes! E que absurda e amiga paz a de saber-se que a lua e a flor, o rio e a queixa, nada foi mais lua ou flor, mais rio ou mais queixa, por causa do que se disse. A própria mulher foi sempre bela ou fêmea, antes e a salvo da minha poesia e das minhas mãos!
Vivi entre o que viveu. Fui multidão e povo, um lugar ocupado, uma rescendência de suor, uma voz que pediu licença, um olhar que mendigou prazeres e uma parte milesimal dos pés que povoaram. Das minhas mãos, prefiro não contar, a não ser na custosa confissão de que foram mãos vadias. De bem, fizeram a bênção e o carinho... mas o carinho é vadio e, em toda vez que se aparta de Deus, é proibido. Prevalece, portanto, o existente da multidão, o corista, aquele que não foi o solista de beleza alguma e que, por isso, se sente irresponsabilizado dos erros de maneira especial e destacada!
Sou o rosto fora de foco de uma fotografia em que dezenas de pessoas aparecem em segundo plano. Posso ter ou não a barba crescida; posso trazer ou não uma flor no peito; posso chorar até, e ninguém botará reparo. A fotografia passará de mão em mão e todos os que comigo estiverem desfocados só serão odiados quando não houver mais nada a odiar em primeiro plano.
Só assim é — se o homem real e constante — o que sente o gosto e o cheiro da vida. A maioria se evade de sua condição real, para fazer ou imitar o êxito. Entretanto, só o êxito casual é verdadeiro. Exemplo de êxito casual: a beleza. Exemplo de beleza: a mulher bela. Uma mulher sentou-se à minha frente. Tinha luz própria... E tanta, que um fanal de evidente claridade iluminou minhas mãos, quando em gestos inúteis (as mãos) procuravam supor os seus múltiplos encantos. Mas não me quero perder além do homem real e constante, portanto, desenvolto.
Só farei, sem pudor e remorso, aquilo que fizer com desenvoltura. Principalmente, a poesia e o amor. O amor ou é desacanhado, destro, irrefletido... ou é suor. A poesia também. Por isso volta-se a multidão, vivem-se as imunidades corais e espera-se a vinda casual da poesia e do amor.
Sou o homem real, que sua, que mente, que disfarça, que teme, que inveja e cobiça. Tive e tenho os meus momentos de suicida. Não gosto que me conheçam aquém e além de um homem constantemente exposto ao erro e ao crime. É dever do ser humano pressentir em seu semelhante um sem-número de intimidades inconfessáveis. O grande e verdadeiro amor ao próximo é aquele que ama os erros mostrados e pressupostos.
Além da verdade, só existe a multidão, que exime o homem das proclamações e o ampara das conseqüências de sua coragem. Depois de cumprida a Verdade, ter-se-á conquistado o silêncio. "O silêncio alcançado à custa de sempre dizer a mesma coisa" (João Cabral de Melo Neto).
Só creio em dois estados de lucidez: o dos bêbados e dos poetas. Ambos são negados. Mas essa negação ainda não é a definitiva. Lucidez não é, por exemplo, comprar-se uma vitrola por cem dólares e se vendê-la por vinte contos. Isto seria melhor chamado de "paciência"... ou "organização"... ou ainda "paciência organizada". Lucidez não é ainda ir-se hoje para Brasília e voltar-se, daqui a três anos, com cem milhões. A isto eu chamaria de "disciplina para fazer o fácil". A grande lucidez dos poetas estaria, por exemplo, neste verso de Fernando Pessoa: "Em tudo quanto olhei, fiquei em parte". A lucidez dos bêbados é difícil de defender, porque existem mil bêbados diferentes na humanidade. Mil que partem de dois: o bom e o mau. Ambos são lúcidos e, se um desagrada, é porque sua natureza repele o estado angelical e luzente da bebedice.
O conhecimento incessante da verdade faz com que o homem caminhe para o anjo. Chegarão primeiro os que mais depressa conheceram ao seu semelhante, tanto quanto a si mesmo. Nunca foi impossível o exato conhecimento próprio. É necessária, porém, a coragem bastante, para que cada qual se veja e se pegue, se espie e se apalpe, em cada um dos seus mais íntimos espaços físicos e morais. Que as constantes feiúras a encontrar não nos retraia os olhos (no caso, o sentir) e as mãos. Depois, será mais fácil conhecer-se o próximo. E depois, então, mesmo que se minta, só se saberá da utilidade e do consolo da verdade. Faltará ânimo para o fingimento e a fuga, quando acreditarmos em que ninguém engana ninguém e em que somos capazes de conhecer o próximo, desde o instante inicial do primeiro conhecimento.
A sintomatologia do mal é evidente e constante. O homem mau ri errado. Por isso, deve-se viver em multidão. Falar e rir em coro, andar e parar em batalhões. Viver entre os que, simplesmente, estiverem vivendo. A vida coral nos alivia da obrigação do êxito, do êxito que é casual (e verdadeiro) ou é fabricado e cínico. Desconfiai dos feitos que são repetidamente comemorados com jantares e missas de ação de graças!
É esta uma simples canção de fim de ano. Escrevia, confessando-me e comprometendo-me em cada uma das minhas pequenas descobertas. Se não atingi, rondei mais das vezes a insolente verdade dos homens e das coisas. Em vez disso, escreveria uma crônica de Natal... Mas, em tudo o que eu dissesse do Nascimento de Cristo e fraternidade humana, correria o erro constante de repetir: "Natal, Natal, bimbalham os sinos...".
14/12/1956
Thursday, July 13, 2006
Wednesday, July 12, 2006
Anton Tchecov e ... Topo Gigio ...

Anton Tchecov
Será preciso trabalhar e continuar vivendo. Mas tudo parece labirinto. Não podia ser esse meu destino
Não sobra nenhuma esperança. Tenho dores. Preciso de remédios. É lúgubre, mas preciso de morfina para minha alma.
O que se pode fazer? Temos que viver. Temos que suportar com paciência tudo que vem pelo destino e termos uma velhice sem conhecer o descanso.
Quando chegar a hora, morreremos com submissão e vamos dizer, no outro mundo, que sofremos, choramos, que a vida com a morte, que não se ilude nunca, ficou amarga demais. E deus, vai ter piedade de nós.
Merecíamos uma vida luminosa, esplêndida, contetes, felizes. E, vem tudo isso que nos cerca. Porque?
Temos que ter fé, uma fé ardente e descansaremos. Veremos o céu coberto de diamantes. É preciso buscar alegria. Temos que ver o mal de longe. E assim, todos, nos encontraremos e descansaremos.
Descansaremos.
Sobre o autor:
Tchecov nasceu em 1860 na Ucrânia. Mesmo de família humilde, ingressou na Faculdade de Medicina de Moscou. A medicina lhe proporcionou um grande conhecimento do ser humano, e o sucesso de seus primeiros contos, permitiu-lhe viver de sua produção literária
Thursday, July 06, 2006
Futebol, meu amor, Adeus



Futebol, régia arte popular;
Com indisível e intraduzível magia
conquistaste, praticamente,
a todos.
Ah, meu tempo de moleque, das inesquecíveis peladas,
no campinho de terra, na mais inglória posição
goleiro...
atuava este escrivinhador... voltava pra casa
coberto de lama pra depois ser coberto de
maternal palavrório e
eventualmente
sova materna (doía)
Depois conheci um estádio
Morumbi, morumba,
indizível sentimento advinha da
relativa proximidade física dos craques
no Canindé ficava pertinho,
os lances de efeito, os craques tricolores e
Brasileiros,
Celeiro Eterno,
é pra deixar qualquer torcedor com o coração na mão,
as decisões,
do paulistão,
brasileirão,
libertadores e mundial,
Contudo, nesse mundo, pra
quase tudo porem
há...
e nesse caso, a volúpia
insaciável,
irrefreável, incomensurável
do capital, me dei conta,
abocanhava, também nossos craques,
ia divertir a garotada que nasceu melhor,
no velho mundo,
lá, maiores dividendos renderia,
mas ainda nao deixei de me entusiasmar com a
eterna renovação dos craques brazucas,
Tudo mudou depois de 1998 e 2006, duas seleções,
times finalistas,
não se esfoçam em honra de uma nação,
mesmo que ainda
MENTAL
colônia,
Futebol, outrora arte espontânea,
bela em si mesma, contagiante,
transforma-te em mais um
tentáculo, da mega-estrutura
opressora
do capital.
Não, isso , não,
o povo sofrido, craques-garotos-propaganda,
deixaram de comer pra ver vocês, pra
simplórias camisetas comprar,
não,
eles não merecem, nem
a minha inteligência,
não embotada pela
capitalista máquina de propaganda.
Não,
dói demais dizê-lo, mas agora é pra sempre
ADEUS FUTEBOL !
Luciano Corsi Partisan
Tuesday, July 04, 2006
Burocracia ... Plutocracia

Outrora associada ao
soviético
comunismo
tú, que és
de interpretação vária,
na verdade,
da sociedade,
o gesso,
do indivíduo,
alienação plena,
o capitalismo no qual vivemos é a tua
máxima expressão.
Plutocracia.
uma máquina de mentiras,
fabricar...
de condicionar seres aos teus
difusos,
mas definidos,
interesses, de acumulação,
de total dominação.
Na maioridade do ser humano,
na sua emancipação da
condição de mercadoria
a ser pleno de si mesmo
tu será banida,
e contigo o
capital(ismo)
Luciano Corsi
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