
Política Externa dos Estados Unidos
Irã x Índia
“Não enfrentamos nenhum desafio maior de um único país do que o Irã, cujas políticas estão direcionadas a desenvolver um Oriente Médio 180º diferente do Oriente Médio que gostaríamos de ver desenvolvido”.
Condolezza Rice.
O Processo histórico nos demonstra claramente que o poder é a maior das tentações humanas, a que mais intensamente prova o caráter de um ser humano, de um grupo, de um país, e, no caso em tela, do mais poderoso império da história, e o único nos dias de hoje, o império estadudinense.
Além do evidente abuso de poder perpretado pelos EUA desde o pós-guerra, parece ser tão grande o seu atual poder, e tão nula a crítica a ele, que ele se vê acometido de distração no mais alto nível de sua diplomacia (guerreira, por paradoxal que soe). Ao declarar explicitamente que quer ver uma política de desenvolvimento para o Oriente Médio 180º diferente do que se verifica, a secretária de estado americana poderia simplesmente dizer, não podemos permitir que a colônia do Irã tenha soberania. Não toleramos a liberdade alheia. É a abismal hipocrisia que separa o discurso propagandístico dos EUA como baluarte da liberdade e a sua realpolitik.
Quão maior é a contradição contida na declaração acima, quando verificamos que quase simultaneamente a ela a conservadoríssima, mas cerebral revista britânica “The Economist” faz sarcástica e demolidora crítica sobre o acordo nuclear entre os Estados Unidos e a Índia, assinado semana passada, pelo presidente americano George W. Bush, cuja principal característica consiste no generoso fornecimento de tecnologia nuclear americana à Índia.
A mencionada revista, insuspeita na coragem da crítica, posto que oriundo no mais iminente satélite Yanquee, exorta o governo Tony Blair a barrar o projeto no conselho de segurança da Onu, dada a extrema temeridade geopolítica do mesmo ao simultaneamente desrespeitar frontalmente o acordo de não proliferação nuclear e atiçar o complexo conflito Índia – Paquistão. Além da delicada proximidade da China, futura superpotência mundial.
Ao nos depararmos com esse estado de coisas, certos questionamentos tornam-se inevitáveis:
Teria o formidável poder militar americano tornado sua política exterior tão ditatorial quanto burra? Apesar de a guerra fria ter acabado há 15 anos, os arsenais nucleares nas mãos de possíveis adversários continuam quase intactos, logo um conflito nuclear continua significando a extinção do animal homem.
Com tamanha arrogância, estaria a citada secretária de Estado chamando-nos todos, não americanos e americanos inteligentes de passivos imbecis, molóides factóides, replicantes consumistas, que consideramos naturais as mais injustas arbitrariedades e desmandos assassinos oriundos de um império sem adversário (militar) à sua altura?
Ou pensaria o alto nível da política externa americana que o mundo lhe deve – em troca das quinquilharias de plástico a que aludem como alto nível de consumo, de qualidade crescentemente sofrível, mas destruição ambiental inegável – o financiamento de seus brutais déficits comercial (USD 724 bilhões) e fiscal (USD 500 bilhões), montando a quase USD 1,5 trilhões em 2005? Well, toda essa grana destina-se a quê? Para bancar a nossa civilização pós-moderna, oras! Como? Através da guerra do Iraque, do programa óleo por comida (olha que democrático), patrocinando ditaduras mundo afora, que fariam Sadam Russein um criminoso menor, além de possíveis guerras futuras contra os países do eixo do mal e de investimentos da ordem de USD 500 bilhões ao ano em armas, cada vez mais letais e invencíveis.
Diante de tão tenebroso quadro, em que até se pagam supostos intelectuais como Francis Fukuyama (ok, ele é Japonês) para alardear o fim da história enquanto total falta de alternativas ao neo liberalismo, qual seria o nosso papel, individual e coletivo, na luta contra o insaciável dragão a que chamamos de capital, na sua versão ultra-radical na qual a maximização da acumulação justifica a carnificina que se vê no mundo excluído?
Será que realmente precisamos de todo esse oceano de mercadorias – de benefícios humanos questionáveis – emulado por um comportamento de extremo individualismo, que por sua vez justifica toda a ordem de exploração do trabalho dos mais fracos?
Outrora se fundava o capitalismo no rigor e austeridade da ética protestante, agora a ordem do dia é fatura bilhões e bilhões em uma jogada – no mais das vezes auxiliada por informações privilegiadas – no mercado de ações da economia-cassino; na publicidade propaganda mass media que quer nos incutir necessidades de consumo que não temos.
O neo-liberalismo quer assim fundar a nova ordem mundial de meia dúzia de mega-ricos que domina o mundo, sem muito esforço. E como se produz uma crescentemente colossal quantidade de mercadorias? Ora, isso se explica pelo trabalho sujo, oriundo da massa pauperizada dos países excluídos, com suas jornadas de trabalho de mais de 12 horas. E mesmo se concentrando tanto o trabalho sujo assim, como se vê tanto desemprego? Os crescentes investimentos em capital industrial que poupam trabalho, mas consomem quantidades brutais de energia poluidora e resíduos assassinos, além, evidentemente, da deliberada criação de crescentes exércitos de reserva de desempregados para colocar os salários em patamares falimentares e mesmo assim relegar à mendincância quem não está empregado. Quem está desempregado se vira como pode, alguns vão para o crime, que se robustece e se organiza.
Evidentemente que a corrupção no Brasil drena escacíssimos recursos que poderiam minorar a pobreza, mas como se explica que boa parte do agro negócio nacional se esforce cada vez mais à exportação quando a população interna passa fome no maior celeiro de alimento do mundo?
Teria sido o Holocausto um mero crime de guerra Alemão, ou seria ele uma possibilidade da nossa pós modernidade, ou mesmo uma realidade que nos passa despercebida?
2 comments:
Muito bom o texto!!!
Gostei muito mesmo!
Mas lu.....vc quer um café??? A cozinha fica perto da entrada....rsrsrsrsrs!!
To brincando
Bjo
Metalizadoooo!!!!
Acredita mesmo que possamos todos explodir nuclearmente?!
HUmm... Fico a me perguntar...
Vou fazer um textinho pra vc postar aqui!
Uhaua.. Olha a Mattosa invandindo!
Bjus Lú.. Cada texto seu eu vejo que vc está para o COMEX assim como o Corinthians está para campeão do Paulistão!
UHAUhahuahuhuahahuahua!
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