Monday, January 30, 2006

É a Guerra ...

O sol nas bancas de revistas, me enchem de alegria e preguiça, quem le tanta notícia ?
Esse trecho de memorável canção de CAetano demonstra-se atualíssima... Talvez essa a marca de qualidade do artista, a perenidade da sua obra... Hoje em dia talvez Caetano desse uma enfase À PREGUIÇA... tamanho o acúmulo de informações, no mais das vezes inútil, tendenciosa, mentiras totalizantes à la Goebbels, mentor dos nossos propagandistas. Pois a tal gama de informações sempre tenta nos vender um progresso insuspeito, novas tecnicas, tecnologias, e o que dizer dos semanários corporativos... sempre tem super-heróis, gerentes faixas-preta... sao modelos fechados de como devemos nos portar, de como devemos viver, ou seria de como fechar os olhos para as imensas injustiças do mundo ??

O poema abaixo trata de uma das grandes injustiças hodiernas, qual seja, a guerra declarada dos ricos e poderosos contra os fracos, guerras sempre motivadas por motivos economicos mesquinhos; nesse sentido, o que se nos diriam os semanários corporativos sobre os capitães da indústria bélica, moderníssima, pós moderna, diriam tais revistas que as milhares de crianças, mulheres e idosos inocentes mortos seriam irrelevancia na contabilidade polpuda - e cá entre nós - tantas vezes fraldada, das mega corporações ??? O que diria do programa óleo por comida... Ora, que toda a crise traz uma OPORTUNIDADE ! É o TAO DO CAPITAL !!!!!!! TÁ TUDO NA LEI, MAS QUEM FOI MESMO QUE ESCREVEU A LEI HUMANA ????????

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Guerra
Dalton Trumbo

Não tinha nem braços nem pernas.
Atirou a cabeça para trás e começou a gritar o medo.
Mas apenas começou porque não tinha boca com que gritar.
Ficou tão surpreso de não gritar quanto tentou
fazê-lo que começou a mexer as mandíbulas como um homem que descobriu algo interessante e quer experimentar.
Estava tão seguro de que a idéia de não ter boca
era um sonho que se sentia capaz de investigar
a coisa calmamente.
Tentou mexer as mandíbulas e não tinha mandíbulas.
Tentou passar a língua do lado de dentro dos dentes e por sobre o céu da boca como se estivesse
buscando uma semente de framboesa.
Mas não tinha língua nem dentes.
Mas não tinha céu da boca nem boca.
Tentou engolir mas não podia porque não tinha
palato e não lhe restava músculos com que engolir.
Começou a sufocar e a arquejar.
Era como se alguém lhe tivesse empurrado um colchão sobre o rosto e o estivesse mantendo alí.
Respirava agora forte e depressa mas não estava
realmente respirando porque nenhum ar passava pelo nariz.
Não tinha nariz.
Podia sentir o peito subir e descer mas nenhuma respiração passava pelo lugar onde era o nariz.
Experimentou o desejo furioso de morrer .
Estava morto e queria se matar é a guerra!

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