Tuesday, January 31, 2006

FHC, Tucanato Nervoso e o seu telhado de vidro

FHC, outrora paladino do debate cordial e civilizado, agora conclama o Tucanato a focar a campanha na corrupção Petista do mandato Lula. Expediente perigoso... na medida em que nos 8 anos de FHC vimos um número infindável de casos no mínimo suspeitos - privatizações (privadoduto), imensos recursos, cargos, no que cordialmente se chamou de Fisiologismo para se obter vitórias no congresso, notadamente a questão da reeleição, além das qustões da maxi desvalorização do Real (outrora forte e cabo eleitoral) em 1999, etc.

Para quem mandou que se esquecesse tudo o que havia escrito (na sua primeira posse em Jan. 1995), desdizer-se sem maiores cuidados nao deve ser problema ao mestre da retórica FHC.

2006 promete ser mais um ano de shows de marketing político, se em 2002 tivemos uma pre-candidata apresentada com uma musiquinha de cerveja (Governadora é a número 1), nesse ano as vinhetas nao deverão subir muito de nível.

Vale lembrar que PT e PSDB nao sao as únicas opções, e que o voto útil guiado pelo IBOPE caracteriza bem um bom espírito de rebanho, de manada ...
NO texto abaixo Josias de Souza aborda esse tema com maestria. Vale a pena.

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O sangue começou a jorrar
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso dissera na semana passada que o PSDB participaria da campanha presidencial deste ano “de maneira civilizada”. “Estou vendo aí ‘vai ter sangue’, não tem nada disso. Temos que pensar no povo, temos que pensar no Brasil...”, afirmara ele. Tudo indica que mudou de idéia.



Como que decidido a desdizer-se, FHC pôs-se a espargir, ele próprio, o sangue que não haveria. Declarou que o tucanato deve impor durante a eleição o debate sobre a corrupção no governo Lula. Pegou pesado. Chegou mesmo a dizer que o PSDB tem que “puxar” o PT “para a briga”.

“O PSDB tem que saber o que interessa discutir na campanha”, afirmou FHC. “E não embarcar na discussão que interessa ao governo. Tem que saber o que nos interessa, e forçar essa agenda. Tem que puxar para briga. Se você não tem capacidade para definir a agenda, você perde. Não podemos embarcar nos nossos companheiros que estão lá em cima, não. A conversa deles é de que essa questão moral não conta mais. Conta, sim. Ladrão, não mais.”

FHC disse mais: “O presidente Lula tem toda uma explicação para dar ao país. O tempo todo ele vai ter que voltar a temas desagradáveis, mas vai ter que voltar durante a campanha. E não é o tema da corrupção apenas, porque isso não adianta voltar porque todo mundo já sabe que teve muita. Ele também vai ter que explicar porque prometeu e não cumpriu tanta coisa.”

Ora, se há algo de que FHC não pode ser acusado é de ser um sujeito ingênuo. Sabe que, puxando para o adversário para a briga, também ele e seus correligionários serão chamados a dar explicações sobre uma série infindável de casos –da privatização trançada num ambiente que roçou “o limite da irresponsabilidade” à compra de votos para aprovar a emenda da reeleição. Ou seja, o sangue vai jorrar em catadupas.

Nas pegadas das declarações de FHC, também Geraldo Alckmin, presidenciável do PSDB, esmerou-se nos ataques à gestão Lula. Deu-se durante entrevista em que o governador divulgou as estatísticas da violência em São Paulo no ano de 2005. O número de assassinatos diminuiu 18,56% em relação a 2004. Mas aumentaram os casos de seqüestro (18,5%) e de tráfico de drogas (13,36%).

Ao justificar-se, Alckmin acomodou a responsabilidade nos ombros de Lula. Disse que São Paulo “enxuga gelo”, pois o policiamento de fronteiras é atribuição federal. “A gente pega uma arma a cada 14 minutos, elas não param de entrar. É falta de polícia de fronteira. Veja o tráfico de drogas: não são atribuições do Estado, mas você fica aqui, consertando.”

O que Alckmin eximiu-se de dizer é que FHC, expoente maior de seu partido, ocupou a cadeira de presidente por longos oito anos. E não consta que nesse período a “polícia de fronteira” tenha logrado conter a entrada de armas e drogas. Está pedindo uma resposta. E ela virá. Não há dúvida.

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